Sinto,
Assim como sentia aquela que leva a lis no peito
Que vivo de esboços inacabados
De escombros e barcos à deriva
Vivo em fuga e, ao mesmo tempo, em percalço
De mim mesma e daquilo que me habita
Vivo em contradição e em compasso
Com aquilo que preservo e com o que mato
Vivo de rascunhos que oscilam
Entre a meia-noite e o meio-dia
De um ciclo tosco, trêmulo, interminável
Busco em cada opaca filigrana que teço
A luz do ouro que não tenho e não mereço
Mas se continuo a tecê-las não é em vão
É que vivo de esboços inacabados
Que sonham à luz difusa a perfeição
E mais que a luz, o desejo alimenta
E mais que cruz, o desejo é salvação.
(08/03/2008)
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