quinta-feira, 13 de março de 2008

DA JANELA DE ONDE NOS VEJO (Poesia)

Da janela de onde nos vejo
Todos os caminhos vão dar no mar
As desavenças desembocam no desejo
E os ensaios de guerrilhas tombam perante a trégua

Da janela de onde nos vejo
A penumbra paira, não por escassez de luz,
Mas por encantamento e vontade
E o silêncio não se faz por ausência de fala,
Mas por sossego
Pois tudo se compreende com precisão,
Sendo bastante um olhar,
Um menear de cabeça,
Um aceno ou um sinal de mão,
Da janela de onde nos vejo

Da janela de onde nos vejo
Ao meio-dia,
Antes dos talheres, louças e grãos,
Os sabores e recheios vão à mesa
Para que possamos escolher em essência
O que, de fato, nos alimentará
E afastar, em matéria,
As regras que, por castigo ou apego,
Os outros não ousam rejeitar

Da janela de onde nos vejo
À meia-noite,
Antes de o cansaço nos tomar,
Tomamos leite quente em copo fundo
Entre relatos, risos e vigília
Brindando à sede que nos compele ao outro dia
Até que o sono entorpeça nosso mundo

Da janela de onde nos vejo
Rego sempre uma pequena jardineira
Onde plantamos e colhemos tantas flores
Ao som do mensageiro dos ventos
Que, bravamente, na janela, se pendura
E, em balanço, parece entoar mantras
Enquanto nós, cá conosco, pactuamos preces
E o Divino, certamente, ouve a todas

E nosso pedido
Uníssono, preciso e sincero
É, sobretudo, o mesmo:
Para que Ele nos preserve do lado de dentro
Libertas, ainda que guardadas,
Pela janela de onde nos vejo.

(13/03/2008)

Um comentário:

Cau disse...

De quem quer viver um grande amor amando pra sempre!!!Lindo