quinta-feira, 13 de março de 2008

APELO (Poesia)

Ser, simplesmente, tudo que se é
Abrir mão de ser o que os outros são
Viver sem comparar, sentir sem esconder
Embriagar-se de verdade, afogar-se em emoção
Amar, sofrer, abraçar o real
Deixar de lado a estranha mania de imitar o comum
Esquecer o maldito hábito de forçar o “normal”
E ser feliz com o que podemos
Como nascemos
Pois nada vale mais do que um sorriso sincero
Por tudo o que somos e temos

Verdades que se escondem nos olhos cegam
Mentiras que derretem na boca envenenam
Sentimentos que morrem trancados também matam
Desejos guardados inflamam
E tudo se torna nada quando evitamos o que mais queremos
Quando o que mais queremos é o que menos devemos
E quando o que mais tememos é gostar de ser o que não podemos, mas, no fundo, somos
E como somos!

Se a liberdade tem um preço, que seja pago
Se a igualdade é utopia, que sejamos diferentes
Mas respeitados
Se a felicidade é realmente o que importa, que possamos sorrir sem esconder o motivo da alegria
E se o amor existe, que possamos sim ousar dizer o nome do ente amado
Sem receio, intolerância ou hipocrisia
Apenas coração
E porque não?
Quem sabe um dia

(14.06.1998)

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