quinta-feira, 13 de março de 2008

AFRONTA (Poesia)

Disseram-me desejosa de afronta
Afrontar o mundo: eis minha missão no próprio
Eis minha vontade tonta,
Meu desejo tosco,
Meu ímpeto louco,
Impróprio
Tão ultrajante quanto minhas vestes
Tão abominável quanto minhas preces
E o que eu peço, só Deus ousa ouvir
Mas quando ouve, com cuidado, Ele me despe
E se despe, vontades outras há de concluir
Além da que meus piercings manifestam
Além da que os desenhos que trago na pele confessam
Vontades invisíveis aos mortais
Vontades indizíveis aos “normais”
Que se justapõem e se aglomeram em uma só:
Vontade de deixar de afrontar
E digo o método:
Usando o “anormal” como enfeite
Para que, aos poucos, os outros o aceitem
Para, enfim, em “normal” o transmudar

(21/09/2005)

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