Eu, que nunca fui dada a prisões,
Eu, que nunca sucumbi a ameaças e regras,
A moldes e reservas,
A estúpidos grilhões,
Hoje mostro as barras de ferro que seguro com as mãos
Entre ambas, meu rosto repousa aturdido
Entre ambas, trinco os dentes, suo frio
Entre ambas, meus olhos encurtam a visão
Mas as barras não são estanques, nem fincadas no concreto;
Não são polidas, tampouco forjadas por imposição;
Sequer são frias, nem verdadeiramente feitas de ferro:
São feitas de razão
A mesma que prende tanto quanto liberta
A mesma que corrompe os impulsos e dita os “nãos”.
2 comentários:
Razão nem sempre é inimiga da emoção. Não que tenha algo a ver, mas lembrei de "Versos Íntimos" de Augusto dos Anjos "a mão que afaga é a mesma que apedreja".
A liberdade deve ter seu caminho marcado porque se ela for grande demais nos perdemos nela e se ela for pequena demais não a enxergamos.Não se engane, contudo. Ela só se deixa tocar com um risco que se apaga como aquele feito na areia do mar.Decalque-o na memória para recordar-se dele no exato momento de soltar "as barras de ferro" de tuas mãos. Fico neste ponto do caminho...até qualquer dia. Lou
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