quarta-feira, 2 de julho de 2008

RECIFE (Poesia)


Esta cidade onde, hoje, moro
Não é minha,
Nem eu sou dela
Mas, num abraço gradativo,
Consumado em alguns anos,
Seu mapa tem me cabido,
Emprestando-me as cores de sua peculiar aquarela
E os relevos de seus pitorescos planos

Seus rios,
Outrora estranhos,
São-me, hoje, familiares
E por mim nomeados sem engano
E à beira de suas margens
Vez por outra
Navego olhares
Que, nos finais das tardes,
Lanço

Suas praças,
Antes silenciosas,
Hoje, no soçobrar do vento,
Contam-me suas histórias
Enquanto sento em seus bancos
Fincados em jardins floridos
Regados por seu próprio encanto

Suas ruas,
Antes, aos meus olhos, tão nuas,
Hoje vestem minhas memórias,
Que, por elas, também passeiam,
Libertas de meus vagares,
Aventurando-se em vida própria

E, assim,
Entre percalços e firmes passos,
Esquecendo meus antigos mapas,
Criei e recriei caminhos,
Nessa já não tão recente estada
Ora deserta,
Ora povoada,
Por esta cidade onde, hoje, moro
E que, aos poucos,
Como quem não quer nada,
Fez de mim sua morada.

Um comentário:

Flor de Bela Alma disse...

Queria conhecer Recife e Olinda. Vai me mostrar? Gostei disso que escreveu. Bonito. Beijo menina moça. Se cuida. Bia