Minhas palavras andam vazias de mim
O que, ultimamente, as preenche?
Desconheço
Talvez seja a ausência de mim mesma
Daquilo que não me pertence
Feito quando, sem fé, se profere prece
Que, quase involuntariamente, se sabe de cor
Minhas palavras andam vazias de mim
Quem sabe, a presença do outro as tenha impregnado
A cadência dos desejos, dos clichês, da rima e pensar alheios
De tudo que, de tanto habitar o mundo,
A mim também contaminou
A mim também maculou e corrompeu
E eu, ao passo que adoeço,
Com febre e susto, descubro
Que nem sempre caibo
Em meus próprios textos
Serei eu também espelho
Refletindo em mim o anseio alheio?
Serei e também mutável,
Banal,
Hopócrita,
Influenciável,
Engolindo os rótulos e lugares comuns que tanto odeio?
Eis uma possibilidade real
A mesma que me esmaga,
Ao passo que me traga,
Para dentro do meu – do nosso – meio
E é assim que, boquiaberta e relutante, passo a fazer parte
De tudo aquilo que não me cabia e hoje cabe
E com a mesma precisão
De uma contaminação que toma um corpo inteiro.
2 comentários:
Marina sabe da dor e da delícia de ser mulher....bonito isso, menina! Um abraço: Bianca
A sua falta é cheia de poesia...
Ei, minha linda! Saudades sempre. E sempre visitas por aqui, também.
Verdade, ao ler em voz alta, ouço a mim, e tb a vc... =) ...
Beijos com carinho!!!
Postar um comentário