sexta-feira, 6 de junho de 2008

TELA (Poesia)


É por esta tela que me guio
Com a pretensão de transpor o mundo sem, sequer, visitá-lo
É por ela que todos julgam me ver
Sem que eu os veja, nem mesmo, de resvalo
Sem que eu saiba, sequer, a cor dos olhos que me lêem
E que podem ser rasos ou profundos
É nesta tela que sigo, insone
Travando meus monólogos desertos
E diálogos impunes
Entre os personagens que crio e os que calo
Entre as histórias que invento e as que relato
Tendo, sempre, o escuro por pano de fundo
E o silêncio por resposta

Mas o que importa ao fim?
Que os outros suponham que me vêem
Quando, de fato, o que enxergam
É tão somente o que projetam de si mesmos
Em mim.

(06/05/2008)

2 comentários:

Anônimo disse...

Tá ótima!
Beijão.

Marucia Todorov disse...

Lindas! Vc e a poesia.
=)