sábado, 30 de agosto de 2008

DO OUTRO LADO DA FACE (Poesia)

Era noite,
Pelo menos em mim,
Quando a luz me tomou quase irrestrita
Por força tamanha, as persianas não resistiram e cedem espaço
Suas aberturas, antes tão mesquinhas, tão contidas,
Afastaram as guaridas e alargaram-se
Para que a claridade, num abraço inusitado, me incendiasse
No meu rosto, disposto em dois hemisférios eqüidistantes,
Pairou, momentaneamente, a certeza do sol,
Que brincou intenso em um dos lados de minha face
O outro, entretanto, permaneceu escuro:
Eterno medo de que a luz acabe.

3 comentários:

Fala Rapha disse...

"Eterno medo de que a luz acabe"
Bem isso que sinto quase todo dia.

Unknown disse...

Sempre lembro que facas podem ter dois gumes. E quando não têm dois gumes, têm dois lados. Um que corta e outro que pode machucar.

Unknown disse...

O medo do que não fica pra sempre atordoa. Não é o sol que deixará de vir bater na face tua. Pergunta-me: a luz da lua, então, pode um dia deixar alumiar minhas noitas inquietas, confortando-me com a dúvida de que o escuro que vejo é exterior a mim? Não...não. Não te atormentes. Alguém sempre abrir as "janelas", Marina. Lou, com a com satisfação.