terça-feira, 26 de agosto de 2008

TRINTA ANOS (Poesia)

Trinta anos
Tantos planos
Tantos focos e vertigens

Tantas tintas
Tantas telas
Inacabadas,
Emolduradas,
Inacessíveis,
Esboços de montanhas e planícies
Que dentro de mim ainda secam

Trinta anos
Tantos enganos
Tantos silêncios
Tantos verbos
Palavras soltas,
Palavras presas,
Na garganta e nos cadernos

Tantas lembranças,
Tantas promessas
Algumas quebradas,
Algumas cumpridas,
Todas sinceras
Nesta terra onde se condena o que não se cumpre
E quanto mais se cumpre mais se espera

Trinta anos
Muita agonia
No reino do dito e do não dito
Nas entrelinhas que sonham a coragem do explícito
Mas dormitam no sossego do contido, do quieto

Trinta anos
Muitos muros e pontes
Nos palácios que me habitam
Sobretudo nos meus desertos
Caminhos vencidos com passos errados
Pegadas em pântanos e em concreto

Trinta anos
Tantas vestes
Algumas curtas,
Outras longas,
Acobertando a mesma pele
Ora protegida,
Sempre tatuada,
Despida mesmo quando coberta
Ilha, cercada de botões por todos os lados
Mar, cercado de invasores por todas as terras

Trinta anos
Barco que muito já navegou
Sede de quem por mais trinta anos navega.

2 comentários:

Carla disse...

Antes ser...

"Mar, cercado de invasores por todas as terras"

Do que Aquário encerrado em seu próprio muro, mundo de vidro tão transparente quanto inacessível.

Que outros trinta venham, mar aberto

Marucia Todorov disse...

Tantos! Tantos!

E a coisa mais linda é vê-la envolvida em seus "tantos", com o sorriso adorável de covinhas, e sensação de vento fresco na pele, enquanto corre a vida, janela aberta!

Desejo-lhe toda a felicidade que puder conceber. Desejo-lhe as viagens mais lindas e as companhias mais doces.


Beijos com carinho e saudades