Dentro de mim se aquieta um vazio
Não um vazio gélido,
Austero,
De vento frio:
As janelas estão fechadas
E o vazio faz-se morno,
Cálido,
Quase confortável,
Faz de meu corpo seu abrigo oco
Silencioso,
Desocupado
Na sacada da casa que sou não existem placas
Não há o que vender,
Não há o que comprar,
Não há nada!
Ou o que há resta em repouso,
Quase invisível,
Quase indizível,
Presente fantasiado de passado
No quarto que dormita em meu espírito
Havia uma cama quente e macia,
Onde meu corpo se amoldava
Esta cama não mais existe,
Já não se encosta a qualquer parede,
Aliás, sequer ficaram as paredes!
Sequer ficaram as sacadas!
O que se punha de pé desabou
Junto com todas as vigas que erguiam a casa
Mas hei de novamente reergue-la
Hei de novamente mobiliá-la
E não quero camas, sofás, guaritas, intrigas
Quero mobiliá-la com a vida
A mesma vida urgente que, por entre os móveis, se dissipava
E até lá,
Selando mais uma de minhas mortes,
Retomando mais uma de minhas vidas,
Acomodando o que não me pertence em caixas bem afastadas
Sei que enquanto guardo meu vazio,
Sinto-me por ele guardada.
4 comentários:
Você fez deste vazio um espaço incrível, cheio de coisas que estão por vir.
Certamente há os que sabem viver.
Beijos com muito amor e saudades...
Marina,
Esta noite eu buscava algo novo para ler, algo feminino, alguma coisa da alma feminina.
Busquei, busquei, achei teu nome
Marina...sua poesia... aqueceu minha alma...Olhei seu perfil, seus olhos buscam algo.
Continuarei lendo...
Boa Noite.
Essa poesia é linda.
seu modo de expressar é lindo, parabéns Marina. beijos.
Lindíssima!!
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