sábado, 24 de janeiro de 2009

ANTÍDOTO (Poesia)

Enquanto procuro antídotos
Para o veneno que eu mesma injeto
As curas me escapam pelas mãos
E a vida escoa pelos vãos,
Pelas fendas que não fecho
Quando não me vejo como quero
Quando me nego
Quando me puno
Quando fujo do que sou

E assim meu antídoto tem sido
Mais uma dose do mesmo veneno:
O que me mata tanto quanto me preserva
A dormência, a ausência,
Uma casa sem espelhos,
Uma parede sem janelas,
Um aquário onde,
Cercada de minhas próprias águas,
Nado só.

3 comentários:

Marucia Todorov disse...

Enquanto você ainda pensa que foge, está indo de encontro com o todas as verdades fatais: as que remetem a certa solitude, e as que trazem à tona , fazendo sentir o mundo inteiro.

GuilhermeA... disse...

Querida, você me lembrou H. Hesse, e há nisso algo elogioso, creia.

"Queria apenas tentar viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Por que isso me era tão difícil?" (Demian)

Bjo.

Anônimo disse...

A maior virtude comumente é o maior defeito.

Construir o aquário para preservar o que poderia se perder também aprisiona, onde estão as paredes mágicas que filtram o que devem filtrar, preservam o que tem valor e permitem o acesso ao que completa?