quarta-feira, 13 de abril de 2016

PÉTALA POR PÉTALA


Os cabelos ruivos, sob o sol, brilhavam ainda mais

Nos olhos verdes, lagos translúcidos

Maculados por ondas de um passado que não lhe deixava em paz

Ao virar a esquina, frutas vermelhas

Não as da barraca de feira, em meio ao mercado

Eram lábios rubros e fartos

Da moça que, alheia a outra, vendia flores

Entregou uma nota por duas rosas

De troco, recebeu moeda e sorriso

Com delicadeza, pôs uma das flores nos próprios cabelos

Com ousadia, esticou a outra para a vendedora, dona de olhos negros e expressivos

Surpresa e um rosto corado, foi tudo o que a compradora viu

Nenhuma promessa, nenhum recado

Nesgas do passado sombrio

Longos segundos de uma ansiedade louca

A florista pegou a rosa ofertada, mas logo a devolveu:

"Prefiro que volte amanhã − nas entrelinhas, um "sempre" − para buscar outra"
 
E nunca deram adeus.

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