Os cabelos ruivos, sob o sol, brilhavam ainda mais
Nos olhos verdes, lagos translúcidos
Maculados por ondas de um passado que não lhe
deixava em paz
Ao virar a esquina, frutas vermelhas
Não as da barraca de feira, em meio ao mercado
Eram lábios rubros e fartos
Da moça que, alheia a outra, vendia flores
Entregou uma nota por duas rosas
De troco, recebeu moeda e sorriso
Com delicadeza, pôs uma das flores nos próprios
cabelos
Com ousadia, esticou a outra para a vendedora, dona
de olhos negros e expressivos
Surpresa e um rosto corado, foi tudo o que a
compradora viu
Nenhuma promessa, nenhum recado
Nesgas do passado sombrio
Longos segundos de uma ansiedade louca
A florista pegou a rosa ofertada, mas logo a
devolveu:
"Prefiro que volte amanhã − nas entrelinhas, um
"sempre" − para buscar outra"
E nunca deram adeus.
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