terça-feira, 17 de dezembro de 2013

NÃO QUERO MAIS ESPERAR

Não  quero mais esperar
Chega de agulha suspensa
Baixa o braço da vitrola
Deixa a música tocar

Solta a corda
Que venha a guilhotina
Que rolem cabeças, quem sabe a minha
Que a dor seja logo sentida, intensificada, esquecida, silenciada
Que se calem os gritos
Não quero mais esperar

Aperta o play
Deixa rolar o filme
Com as piores e melhores cenas
Quem levantou, que perca a sequência e o lugar

Fechem a ultima porta
Desçam o ataúde
Joguem o primeiro punhado de terra
As flores hão de chegar
Não quero mais esperar

Vira a mesa e a pagina
A espera prolongada é desperdício de vida
E a vida escorre feito rio
Não se pode represar
Não quero mais esperar

Continuem suas falas
Reformem suas casas
Entreguem as alianças
Escolham o nome da criança
Comprem as passagens
Porque é impossível  esperar a viagem e, ao mesmo tempo, viajar
É impossível esperar vida e, ao mesmo tempo, viver
A morte nada mais é do que a vida suspensa no ar
Baixa o braço da vitrola
Aumente o volume
Diminua a demora
Deixa a vida tocar.

Um comentário:

Anônimo disse...

"deixa a vida tocar"
Com júbilo de mais amar
E coragem do tempo hoje.
Adorei o poema!