quarta-feira, 27 de maio de 2009

VERBOS (Poesia)

Ando num terreno incerto e úmido
São os verbos que se movem sob meus pés
Arenosos, perigosos, impuros
Atos, gestos, fatos
Nada é seguro
Tempos presentes e pretéritos
Conjugações irregulares,
Passos trôpegos,
Tropeços impunes

Busco nesse dialeto que ensaio com meus passos
a segurança das pontes,
a fortaleza das vigas,
a certeza dos calos,
que se formam pela repetição assídua do que se conhece:
os mesmos passos

Entretanto,
No lugar da firmeza, a ameaça
No lugar do concreto, a promessa
No lugar do sujeito, os tantos e incertos predicados
E sempre os verbos, os verbos e os verbos
Transitivos diretos,
Indiretos,
Bitransitivos,
Intransitivos

Enquanto eu,
Driblando o charco,
Salto de verbo em verbo,
Emudeço,
Erro,
Rezo,
Transito e não paro.

2 comentários:

Fabb. H disse...

Como diz uma parte da música de Zélia D,

“Se você não se distrai
Não descobre uma nova trilha
Não dá um passeio,
Não ri de você mesmo
A vida fica mais dura
E qualquer trovão mete medo
Se você está sempre temendo a fúria da tempestade”...

Portanto,
Não conjugue, não transite e nem drible,
Apenas...distraía-se.
Beijosss.

SB disse...

Marina,

Leio muito e adoro escrever poesias e textos/crônicas. Fiz um blogger recentemente mas ainda estou me familiarizando com a ferramenta. Gostaria da sua opinião, é pretensão demais? Bom, que seja, melhor arriscar do que morar com a dúvida.
Li sobre seu livro no site da Parada Lésbica, vou ser mais uma leitora.
Forte abraço,
SB