Dá-me tua mão
Atravessemos esta porta
No primeiro passo, o aconchego de um quarto nosso
Que existe além dos muros, além das rotas:
Cá conosco
Quando estou contigo
Dá-me tua mão
Façamos de nossa carne abrigo
Entrelacemos nossos corpos
Dentro de ti, dentro de mim hão de verter preciosos líquidos,
Hão de tilintar cálices de vinho,
Enquanto nossas bocas renascem em tantos beijos nossos
Dá-me tua mão
E gira esta chave
Façamos uso de cada trinco,
De cada porta,
Para que nada além da leveza que nos traga invada
E continuemos próximas
Dá-me tua mão e não tenhamos medo
Nossos desejos são pares, assim como nossos poros
E a cada eriçar de pele sentimos o quanto somos nossas
Estamos de mãos dadas finalmente
Caminhemos
E pouco importa a espera de outrora
E pouco importam os recipientes
Preenchamos nossas almas de presente
Conjuguemos nossos verbos no agora.
segunda-feira, 30 de março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
EM TEMPO (Poesia)
É tempo de leveza,
de sentir-se em campo aberto dentro de quarto trancado
de sentir-se de peito aberto em meio a leões enjaulados
e dragões capazes de gerar fogo
É tempo de enfrentar o novo,
de sentir-se livre mesmo de corpo enlaçado,
de pôr-se despida diante de olhos franjados
capazes de enxergar com nitidez as águas outrora turvas de meus vales
É tempo de estar em paz
É tempo de andar em pares
É tempo de estar no tempo em que a fome não se desfaz
Quer-se mais de tudo:
do beijo,
do cheiro,
do gosto,
do mundo
Quer-se mais dos ares:
asas que,
mesmo no compasso dos mais intensos ventos,
não perdem a mansidão da música,
a certeza do retorno,
o caminho do mapa,
a indicação da bússola,
a amplitude do vôo:
é tempo de amar de novo.
de sentir-se em campo aberto dentro de quarto trancado
de sentir-se de peito aberto em meio a leões enjaulados
e dragões capazes de gerar fogo
É tempo de enfrentar o novo,
de sentir-se livre mesmo de corpo enlaçado,
de pôr-se despida diante de olhos franjados
capazes de enxergar com nitidez as águas outrora turvas de meus vales
É tempo de estar em paz
É tempo de andar em pares
É tempo de estar no tempo em que a fome não se desfaz
Quer-se mais de tudo:
do beijo,
do cheiro,
do gosto,
do mundo
Quer-se mais dos ares:
asas que,
mesmo no compasso dos mais intensos ventos,
não perdem a mansidão da música,
a certeza do retorno,
o caminho do mapa,
a indicação da bússola,
a amplitude do vôo:
é tempo de amar de novo.
quinta-feira, 5 de março de 2009
O QUE NÃO VIVO (Poesia)
O que não vivo me espreita, me vigia
Espera meu desalento,
Meu desabrigo
Para assustar-me,
Afrontar-me,
Amaldiçoar-me,
Chamando-me de covarde,
Devassando-me a carne,
Lançando anzóis,
Alargando feridas,
Erguendo-me em guindastes,
Arrancando-me do que vivo
O que não vivo pesa
Em ausência, em vazio
Em silêncios, em suspiros
São estas suas unidades de medida
Que, ao menor descuido do pêndulo,
Oscilam
Reduzindo o que vivo em metragem,
Em valia,
Em sentido
E assim,
De ombros curvados,
O que não vivo, carrego
Vivo
Comigo.
Espera meu desalento,
Meu desabrigo
Para assustar-me,
Afrontar-me,
Amaldiçoar-me,
Chamando-me de covarde,
Devassando-me a carne,
Lançando anzóis,
Alargando feridas,
Erguendo-me em guindastes,
Arrancando-me do que vivo
O que não vivo pesa
Em ausência, em vazio
Em silêncios, em suspiros
São estas suas unidades de medida
Que, ao menor descuido do pêndulo,
Oscilam
Reduzindo o que vivo em metragem,
Em valia,
Em sentido
E assim,
De ombros curvados,
O que não vivo, carrego
Vivo
Comigo.
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