domingo, 31 de janeiro de 2010

CONSTRUÇÃO (Poesia)

Enquanto o tempo escala a parede feito tinta que ganha cor
A matéria se faz
E se desfaz
E se refaz
Ao nosso redor

É a madeira do sim e do não que pede força física e simbólica:
E ganha forma de armário onde, hoje, se guarda apenas o que importa
E ganha forma de porta, que deixa de fora o desalento da vida
E ganha forma de vida, que exige sentimento robusto, apesar das janelas de vidro
E ganha forma de mesa, sobre a qual o alimento abstrato também se apoia

Nossa casa, mesmo em meio à reforma, já possui guaridas
Onde só o que acrescenta pode entrar após o soar da campainha
E quem não se presta à ordem da faxina, que fique de fora
E quem não vem ao bem deste par, que vá embora
A porta da frente é a serventia deste nosso mundo particular
Onde, dia à dia, com afinco e afeto, transformamos reboco em lar.