Existem, em minha vida, dois cenários para os quais, ao menos em pensamento, sempre hei de retornar. Em ambos vivi muitos dos melhores dias desta minha existência, que se não é eterna, é singular pela força despendida em cada dia e pela vontade de que seja.
Um destes cenários foi homenageado no conto Aquários, onde empresto à rua onde morei e que beirava a praia de Garça Torta, situada no litoral de Alagoas, algumas personagens forjadas em meu imaginário, em meio à maresia e ao som das ondas que até hoje ouço antes de adormecer, embalando meus sonhos. Quem leu o conto sabe bem do que falo.
Findo o texto, senti desde então que restava pendente uma outra homenagem: eu ainda precisava retornar, pelo menos através das palavras, a um outro recanto tão especial quanto o de Aquários.
Entretanto, alguns anos se passaram e outros tantos contos foram escritos antes de, finalmente, me aventurar neste segundo passeio. Até que, num dia cinza e de chuva – como a maioria durante os quais escrevo –, sentei-me defronte à tela iluminada onde dedilho minhas palavras e, respirando fundo, dei o primeiro passo rumo ao meu segundo e querido cenário, palco de tantos sorrisos, tão ingênuos quanto inteiros.
E, valendo-me das paisagens, andando por dentro e por fora de mim e de lá, fui caminhando, caminhando, caminhando de volta, sem pressa, sem hora, até revisitar todas as minhas memórias e chegar a Shangrilá. O que, a princípio, seria um conto, transmudou-se em livro e é este o título que lhes apresento.
Na última página escrita, o alívio: meu segundo cenário restava finalmente e fielmente descrito. Mas, para minha surpresa, a homenagem tornou-se maior ainda e é isto o que hoje venho contar: a Editora Malagueta publicou meu segundo “passeio” e, graças a isto, posso convidar a todos para trilhar também por Shangrilá.
Sejam bem-vindos.
Marina Porteclis.
Lançamento em Recife: dia 17/09/2009, na Livraria Cultura, às 18h30.
Maiores detalhes: http://www.editoramalagueta.com.br